Por volta de quatro anos
atrás escrevi sobre esta temática, tentando fugir da superficialidade, do
simples pode e não pode e construir uma reflexão mais aprofundada.
O tema continua sendo um
desafio atual para a Igreja e cabendo sempre mais reflexões. Podemos dizer que
o uso da camisinha garante um “Sexo Seguro”? Certamente não. Segurança na
relação começa propriamente no conhecimento entre as pessoas. “Ficar”, beijar,
namorar sem conhecer profundamente o outro é no mínimo imprudência.
A moral Cristã defende a
castidade, reconhecendo o valor e a beleza da relação sexual quando dentro do
casamento, e no caso dos casais a fidelidade está na primazia.
Mas o que dizer e como proceder
para com as pessoas que não conseguem viver segundo as orientações da moral Cristã?
Não temos condições de forçar todos a viverem segundo nossa orientação. Vamos
então condená-los? Chamá-los de incapazes de conversão? Virar as “costas” para
eles?
Contempla bem esse contexto,
a teologia moral, a moral da vida assim reflete: preservar a própria vida e a
dos outros é dever de todo ser Humano. Do Cristão mais ainda, pois Cristo veio
para que todos tenham vida e vida em abundância. Seria muito importante que as
pessoas fossem honestas, transparentes e livres, construindo na base do
respeito e da solidariedade relacionamentos fortes e duradouros.
No dia que o ser humano
tomar consciência do valor do seu corpo e do corpo do outro, e conseguir esta
relação baseada no amor, a vida será diferente.
E neste sentido, Pe José Transferetti,
em artigo na Revista Vida Pastoral Afirma:
“ a chave para a vida em abundância e saudável não é a obediência cega a normas
morais de quem quer que seja, mas a própria consciência, enquanto sacrário,
lugar de graça e do amor de Deus”. A escolha é sua, as conseqüências, da mal
escolha, além de lhe atingir ainda atinge os outros.
O Pe. Vai mais longe: “O uso
do preservativo sob determinadas circunstância, é descrito atualmente como algo
que preserva a vida... A Igreja Católica entende que, em alguns casos, o uso do
preservativo pode se tornar até uma obrigação moral”. Isso, porém, não é razão
para promover uma permissividade e promiscuidade em nome de um “sexo seguro” e
do uso de preservativo.
Talvez aqui caiba um exemplo
para uma melhor compreensão: a esposa é
soro positivo, o esposo não, eles mantêm relações sexuais com o uso de
preservativos mesmo numa casa de convivência católica, porém existe algo a
mais – um acompanhamento integral, rigoroso e amoroso ao casal.
Nos nossos tempos, realmente
as pessoas precisam ser críticas e capazes de raciocinar e decidir por si
mesmas. Disse ainda o Pe. Trasferetti: “Precisamos de pessoas esclarecidas, e
não de robôs que seguem opiniões de padres, agente de pastorais, professores e
tantas outras que fingem saber o que não sabem. Basta de falsas explicações e
de hipocrisia”.
Isso é verdade, mas também
não se pode em nome de um decidir por si mesmo, fazer “besteiras” e gerar morte
e sofrimentos. É preciso uma autonomia capaz de tomar decisões e se
responsabilizar pelas conseqüências delas.
Portanto, não sei se ainda
sou retrógrado, atrasado, ou mesmo incapaz de aceitar avanços que para algum
são tão óbvios, mas para mim ainda obscuro. Insisto em dizer que a postura da
Igreja em manter-se pregando os valores humanos acima de qualquer método
moderno ainda apresenta-se como o caminho mais viável.
O que pode está necessitando,
por parte da Igreja, talvez seja de um aprofundamento sobre questões como esta
que nos confronta com a vida concreta e com a vivência diária na busca de uma
vida cada vez mais humana, cada vez mais divina, cada vez mais amável e feliz.
3 comentários:
Se o sacerdote tem duvidas com relação à camisinha, imagine como fica a cabeça de um casal católico. Porque não usar a camisinha para um maior prazer e tranquilidade do casal que ja tem o numero de filhos desejados?
Respondendo a Anônimo: Se o casal Cristão "que já tem o número de filhos desejados", não precisa perguntar ao padre nem ao bispo ou papa se pode usar a camisinha em suas relações íntimas. Para isso, Deus deu a cada um a consciência. Vamos ser julgados pela nossa consciência e não pela do nosso pároco ou pela consciência de minha tia solteirona beata.
Obrigado pelo questionamento! Eu não teria tanta tranquilidade assim. Tenho uma grande amiga que só tinha relações com camisinha e para a surpresa dela, engravidou. Quase enlouquece porque segundo ela não estava preparada. Casos como este existem vários, inclusive entre jovens namorados. Cito mais um: Uma pessoa muito próxima a mim, só ficou em paz depois que fez o DNA da filha e comprovou ser dele, porque só tenha relação com a esposa com camisinha e começou a acreditar que o filho poderia não ser dele. Quando escrevo sobre o tema é justamente para pensarmos sobre a questão. Não tenho respostas prontas, mas também não acredito nas que me dão.
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