quarta-feira, 21 de abril de 2010

DESCOBRINDO A BELEZA NA LITURGIA

Na liturgia temos poesia, sacralidade, música, “moradia”, equipes agindo em comunhão, fraternidade, em fim, a liturgia é um poço inesgotável de beleza. Tentaremos penetrar nesta beleza e quem sabe mergulhar muito mais neste poço. “A missa, por exemplo, é a coisa mias absurdamente poética que existe. É o absolutamente novo sempre. É Cristo se encarnando, tendo a sua paixão, morrendo e ressuscitando” (Adélia Prado) . Não precisamos acrescentar mais nada à missa.
Nem sempre enxergamos e sentimos o belo, mas quando deixarmos o silêncio falar, a beleza sem dúvida irá aparecer. Pois a beleza de uma celebração e de qualquer outra coisa é puro silêncio, e pura audição. Se não houver o silencio, não há audição, não vai ser possível ouvir a palavra, porque o mistério não vai ser ouvido, é ele que celebramos. O barulho de muita falação, muita música, muitas palmas, muito grito, o barulho visual de muita decoração, muita informação não nos ajudam. Só o vazio pode se encher do espírito. Deus é a beleza, e a liturgia é o lugar privilegiado da beleza, lugar em que Deus brilha. KALLOS - do grego, significa belo, bom e verdadeiro. Logo, o lugar onde Deus brilha é bom, belo e verdadeiro. A bondade e a verdade que geram beleza, são a da justiça, da generosidade, da solidariedade, da compaixão, da partilha, da comunhão.
“A beleza enche os olhos d`água” (Adélia Prado) . “Arte é beleza e a beleza é o esplendor da verdade; sem verdade não há arte” (Antoni Gaudé) . “Fora da beleza não há salvação” (Rúbens Alves) . “Deus é um grande e enorme vazio que contem toda beleza do universo. Se o vaso não fosse vazio nele não se plantaria flores. Se o corpo não fosse vazio nele não se beberia água. Se o útero não fosse vazio, nele não cresceria a vida...” (Rúbens Alves) . Como foi dito anteriormente só o vazio pode encher-se de espírito.
Qual beleza salvará o mundo? “A beleza sempre antiga e sempre nova, a beleza de Deus; a beleza que caracteriza o belo e bom Pastor, que dá a vida por suas ovelhas” . Quem contempla o belo e fixa nele o olhar, deixando-se iluminar por ele, torna-se belo também. O encontro com o belo vai além dos sentidos e da sensibilidade nos assemelhando a ele. A música, por exemplo, nos ajuda a sermos mais belos, pois ela é “mediadora da transcendência”. Pela música chegamos ao coração de Deus e Deus desce a nós, sendo a música e o canto litúrgico, portanto, um meio privilegiado de oração e participação. Assim, o canto e a música são também frutos da beleza, porque criam um clima de festa e esplendor, solenizando e revestindo de maior beleza os atos litúrgicos. É expressão humana do divino, verdadeiro sacramento do Cristo, sinal da beleza eterna e não algo secundário.
Portanto, a formação litúrgica permanente, a abertura de cada membro da liturgia a conhecer sempre mais o Mistério que se celebra, possibilitará, sem sombra de dúvida, a não escravização e nem mesmo a rejeição das normas litúrgicas emergentes da sua própria natureza, pois a liturgia é de Jesus Cristo e da Igreja e por isso devemos nos submeter às suas normas, o que não nos escraviza, mas nos torna mais livres e criativos na alegria da presença e da experiência de Deus.