quinta-feira, 26 de março de 2009

PRESERVATIVO: USAR OU NÃO USAR?

A opção de escrever sobre este assunto, um tanto quanto polêmico, deu-se pelo fato de que pouco se fala e escreve sobre o mesmo de forma aprofundada, mas decidi-me efetivamente quando, abriu-se a discussão a este respeito com uma turma de estudantes, na qual, eu era facilitador da disciplina de redação. Para nossa alegria “ou tristeza” a princípio foram todos unânimes em dizer que devemos usar e nos prevenir.

Deu-se a discussão onde os convidei a sair da superficialidade e analisar a questão de forma muito mais profunda. Assim, saímos da idéia de que: ser contra é coisa da Igreja, ou de quem é atrasado, ignorante, alguém muito certinho; ser a favor, no entanto, é ser moderno, inteligente, optar por prevenção, ou quem sabe desrespeitador de valores e princípios. Não queremos falar disso agora, existe algo muito mais sério que isso; na realidade atual, muito mais que ser contra ou a favor, é preciso discutir e perceber as conseqüências de ambas as partes. É a isto que me proponho nestas poucas linhas. Não simplesmente expor uma visão ou outra, mas trazer à nossa percepção que o assunto merece muito mais aprofundamento e reflexão. Muito mais que condenar ou liberar, temos que nos educar. “Eduque! Depois...”

É fundamental trazer presente as mudanças socioculturais e religiosas no decorrer dos anos. É fácil perceber a grande mudança na escala de valores, o mundo pré-industrializado e predominantemente agrário, já não responde mais aos anseios do mundo moderno. Valores familiares, religiosos e éticos são freqüentemente substituídos por outros, com isso, os comportamentos também vão se modificando. Antes ter muitos filhos era valor, hoje é visto como um peso. Se a virgindade era tida como uma questão de honra para a moça e seu círculo familiar e social, hoje muitas vezes chega a ser questionado. Em um passado ainda recente, a palavra valia mais que qualquer documento, como se dizia no Nordeste: “respeite o bigode do homem” o que valia era o invisível, hoje o que vale “é está na onda” o que é palpável, nem documento mais vale.

Claro que nada disso é por acaso, é gerado por toda uma ideologia, que manipula, veicula e empurra sua idéia, massificando e matando a nossa história. Já participei de palestras sobre educação sexual onde a única coisa que se fez foi explicar como se usa camisinha, depois todos saíram com dois ou três preservativos em mãos e os palestrantes convencidos da boa educação sexual de todos que participaram. Às vezes as campanhas de prevenção de DSTs parecem mais campanhas de incentivo ao sexo sem compromisso e irresponsável, chegando em certos casos a parecer mais pornografia, sem uma preocupação com a prevenção real das doenças. Basta usar camisinha e pode tudo! Quando se sabe que a mesma não é 100% segura, fala-se da existência de aproximadamente 70 DSTs, enquanto que o preservativo previne apenas 30 delas. Veja bem! Prevenir não é o mesmo que impedir.

Certamente no contexto em que vivemos o preservativo deve ter seu valor, mas não compete a mim negar ou afirmar isso neste momento. O que quero deixar claro é que esse artifício, pode ser uma armadilha. Muitas vezes a camisinha nos é apresentada como a “solução”, a “segurança”, a “salvação”, mas não chega a ser tudo isso. Também parece que os únicos motivos que podem levar o homem e a mulher a deixar de ter relações sexuais são: as doenças sexualmente transmissíveis e a gravidez indesejada, caso estes dois problemas sejam resolvidos, (é o que promete o preservativo) o sexo para o homem pode ser como para os animais, pelo instinto, sempre que desejar, em nome da liberdade. Será que isso é ser livre? Será que isso vai realmente fazer o homem feliz? E nossa razão para que serve?

Você pode impedir até as doenças e a gravidez, mas evitar as marcas deixadas no coração de um envolvimento sexual onde a responsabilidade e o respeito a si e ao outro não foram observados, isso é mais difícil, mais cedo ou mais tarde, terá pessoas machucadas e até de corações destruídos. Neste sentido os sentimentos de mãe ainda prevalecem. Mesmo nos dias atuais nenhuma mãe deseja para sua filha ou mesmo para o filho, uma iniciação sexual tão cedo e sem compromisso, ela é consciente das conseqüências que isso pode acarretar.

O caminho mais humano, e mais ético, é aquele onde a responsabilidade e o respeito a si mesmo e ao outro é o valor fundamental. Onde ninguém possa olhar ninguém como objeto. Onde ninguém seja usado como algo descartável. Precisamos aprender que os instintos não mandam no coração e na razão, quando eles são educados para a têmpera e para o autocontrole. Ser auto controlado não significa privar-se de ser “mais feliz”, muito pelo contrário. Gostaria de mostrar três simples exemplo:

1º caso - Dois jovens vão a uma grande festa. O primeiro, quer aproveitar o máximo: pula, dança, bebe, namora e envolve-se sexualmente com uma mulher, usa preservativo é claro; o segundo por sua vez, também quer aproveitar o máximo: pula, dança, bebe, namora e prefere não ter relação sexual com ninguém. Será qual dos dois terá mias chance de adquirir uma DST? Ou qual dos dois optou por um respeito maior a si mesmo e aos outros? Sendo que o segundo pode ter sido tão feliz quanto o primeiro.

2º caso - Uma pessoa não consegue realizar-se, (sentir-se bem, ser feliz) caso passe um final de semana sem tomar uma cerveja, ou várias, para ela seria um absurdo se isso acontecesse, ou seria um grande sofrimento, no entanto, um amigo desta pessoa não toma cerveja e é tão feliz quanto ela.

3º caso – Se você fosse a uma praia e lá estivesse uma placa escrita: Este é o melhor lugar para o banho, porém, aqui o banhista terá 20% de chance se ser atacado por um tubarão। Será que você tomaria banho lá? Há estudos que defendem a ineficácia de preservativo em até 20% no contágio da AIDS.

Não é uma atitude ou comportamento específico que vai definir a nossa felicidade. Já dizia o grande pensador Epicuro: “A felicidade não consiste em adquirir nem em gozar, mas sim em nada desejar, consiste em ser livre”. Pensar assim, ou de maneira parecida, muitas vezes é ser questionado, pois, nos tempos pós-modernos, a sociedade como um todo, é induzida a pensar que ser feliz é conquistar os prazeres imediatos, não sabendo os defensores desta idéia que essa postura está levando a civilização humana ao caos, a crises profundas, e pode levar ao seu próprio suicídio.
Pode parecer, portanto, absurdo, retrógrado, contraditório, mas a postura da Igreja em manter-se pregando os valores humanos acima de qualquer método moderno ainda apresenta-se para mim como o caminho mais viável. O que pode está necessitando talvez seja de um aprofundamento sobre questões como esta que nos confronta com a nossa vida concreta e com a vivência diária na busca de uma vida cada vez mais humana, cada vez mais divina, cada vez mais amável, pois o Grande criador, criou tudo por amor. Não existimos por acaso.