segunda-feira, 31 de agosto de 2009

TODA PESSOA PODE SER CONSAGRADA

O termo consagrado tem um sentido religioso de entrega total, “separado para Deus”. O sentido que aqui quero aplicar é numa dimensão verdadeiramente humana, uma vez sendo um termo estritamente e profundamente humano torna-se divino, pois o humano é divino. Ora, toda pessoa enquanto ser humano deve consagrar-se para alcançar de modo sempre mais pleno a sua felicidade.

Faz alguns dias estive com duas professoras de Bíblia, preparávamos um curso. Em um dado momento algo nelas me fascinou: como elas falavam com empolgação vinda da alma, a cada descoberta, a cada comentário, a cada reflexão! Sabiam infinitas coisas e sempre empolgavam-se ao descobrir mais um detalhe. Concluí: elas consagraram a vida ao estudo e ao ensino da Bíblia.

Mas elas não são as únicas. Quando estudei filosofia, a coordenadora do curso tinha mais de 80 anos, nunca casara. Aposentada como professora de filosofia, mas ainda faz questão de ensinar, chegou a escrever algumas obras. Vive contente fazendo aquilo que gosta e decidiu fazer. Ela sim, “sabe quase tudo de filosofia”. Esta foi, sem dúvida, alguém que se consagrou àquilo que gosta de fazer.

Voltemos para nossa individualidade. Você já descobriu o que mais gosta de fazer? Com certeza as pessoas que se dedicam totalmente ao que gostam de fazer, vivem uma vida de doação e amor imensurável, são sempre felizes e realizadas, pois no amor incondicional pelo que fazem, vivem sua vocação, seu chamado. Torna-se verdadeiramente pessoa humana e naturalmente resplandece o divino.

Ninguém precisa ser uma pessoa com uma especialidade a mais para consagrar-se à sua vocação. Cada um pode descobrir “àquilo” que lhe realiza e se empenhar de corpo e alma nisso que a vida, que o mundo, que Deus lhe oferece.

A busca da nossa vocação, da nossa missão, deve ser constante. Nem sempre é necessário ser uma coisa grandiosa. Conheço uma faxineira que me parece consagrada ao que faz. Faz seu trabalho durante o dia com muita dedicação e amor, ao chegar em casa continua a servir no seu compromisso de mãe e esposa. Sempre demonstra uma realização e uma felicidade pessoal que erradia para quem dela se aproxima.

Outro fato me marcou: um casal alemão decidiu ser missionário no Brasil। Faziam um excelente trabalho social num bairro pobre de uma cidade do Nordeste. Quando tiveram o primeiro filho, a criança nasceu com síndrome de down. Foram obrigados a abandonar o trabalho que faziam e dedicarem-se integralmente a cuidar do filho deficiente. Certo dia a mãe confessou: “agora estou exercendo a verdadeira missão que Deus tinha para mim. Cuidar do meu filho”. Esta mãe consagrou sua vida a cuidar do filho deficiente.

Portanto, você também pode ser uma pessoa consagrada. Seja como mãe, como pai, professor(a), médico(a), catequista, estudante, policial, jogador de futebol... Ouso-me a dar-te um conselho: consagre sua vida àquilo que você gosta, à luz da vontade de Deus e serás sempre mais feliz. Mas se queres ser ainda mais radical, adéqüe o que você gosta à entrega total no seguimento de Cristo e descobrirá que Ele é a felicidade plena! Deste modo, aos poucos você antecipará o céu na terra.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

COTAS RACIAIS: UM BEM OU UM MAU?

Uma pesquisa realizada pela Universidade de Brasília (Unb) em 2008 confirmou o equívoco de uma visão midiática, elitista e fundamentalmente racista, referente às contas raciais. A política de cotas adotada pelo governo Lula em 2003, possibilitou em 2004 a realização do primeiro vestibular onde alunos negros e índios ingressaram no ensino superior graças àquela política afirmativa.

Até que essa política fosse adotada, permanecia intocada uma situação revoltante na qual os recursos públicos financiavam os estudos universitários majoritariamente de brancos das classes A e B. O principal argumento contra as cotas foi: a adoção do sistema de cotas provocaria “prejuízo acadêmico” às universidades, ou seja, o estudante negro ou índio seria intelectualmente inferior ao estudante branco de classe média e alta e, por isso, as universidades formariam profissionais “despreparados”.

Segundo pesquisa da UnB, a primeira turma de cotistas raciais a se formar no país chega ao fim de vários cursos mostrando desempenho bem superior ao dos alunos não cotistas. Numa escala de 0 a 5, os cotistas alcançaram em média, um coeficiente de rendimento de 3,9 contra 2,3 dos não-cotistas, e a médias de trancamento de matricula entre cotistas é de 0,5 contra 1,0 dos não-cotistas. Já as reprovações entre os cotistas alcançam 1,5 contra 3,5 dos demais.

É alto o contingente de alunos das classes sociais superiores que consegue vagas no injusto sistema tradicional e depois terminam por abandona-los no meio. Apesar dos negros pobres não terem os mesmos recursos para comprar livros e não disporem de tanto tempo para estudar quanto os filhos da elite branca – que não precisam trabalhar e, assim, pode se dedicar apenas aos estudos -, quando você dá oportunidade a esses jovens de um setor difamado e discriminado da sociedade, a dedicação é bem maior eu aqueles que sempre ganharam tudo “de mão beijada”.

Mesmo assim as cotas enfrentam resistências, elas não foram adotadas em todas as universidades. Não é por outra razão que o resultados dos estudos demonstrando que os cotistas raciais superam os não-cotistas vem sendo escondidos pela grande mídia branca e racista. Mas aos poucos será veremos ver numa cidade como São Paulo alguns médicos negros, coisa que hoje é quase impossível. Pois os governos estaduais têm impedido a política de cotas nas maiores universidades públicas de São Paulo.

Gostaria de esclarecer que esta análise é feita por Eduardo Guimarães – Executivo, editor do blog Cidadania, onde você encontra a matéria completa – ele pertence a esta classe social beneficiada pela injusta política de ingresso no ensino superior gratuito que infelizmente ainda predomina no Brasil, Eduardo defende as cotas, mesmo não precisando delas, por ver nelas uma forma que ajuda a edificar a sociedade mais justa com a qual todos sonhamos।
Todavia, as cotas continuam sendo um paleativo vergonhoso, apesar de trazer seus grandes e inegáveis benefícios। Mas já está na hora de revolucionar o ensino público, proporcionando a todos um ensino básico de qualidade, tirando até mesmo a razão de ser dos vestibulares e, se alguém tem que pagar para cursar universidades que seja os pagantes das escolas particulares.