sexta-feira, 1 de junho de 2012

O QUE É MAIS IMPORTANTE: O SILÊNCIO OU A PALAVRA?


Celebramos no ultimo Domingo dia 20 de Maio o 46° dia Mundial das Comunicações Sociais. Por incrível que pareça neste dia refletiu-se sobre o silêncio, quando pensamos em comunicação dificilmente imaginamos que o silêncio é essencial para que ela aconteça, mas sem silêncio não há comunicação.

Tratando-se da comunicação do Divino, jamais se pode esquecer-se do silêncio. Por isso o Papa fala “Silêncio e Palavra: Caminho de evangelização” este foi o Tema do dia Mundial das Comunicações Sociais deste ano.

Fala-se que estamos na era da comunicação, é verdade. Mas também na era do barulho, as informações são muitíssimas, porém fragmentárias, pois não conseguimos mais viver o silêncio necessário para a integração da informação com a vida, o silêncio é essencial para discernir o que é importante de que é inútil ou menos essencial. Sem o silêncio não há palavras densas de conteúdo, ele é parte integrante da comunicação.

Inclusive, a comunicação mais profunda, dispensa palavras. Aqueles que se amam, sabem que seus momentos mais autênticos são silenciosos. Quantas vezes um olhar, uma respiração, um toque... Dizem o que nenhuma palavra seria capaz de dizer. O filho acorda mal, mesmo não dizendo nada a mãe, ela pergunta: “filho o que você tem hoje?” mesmo que ele diga que está tudo bem a mãe tem certeza que a informação verdadeira é a que foi dita no silencio.

Outro exemplo: quanto nos fala a Cruz de Cristo! No seu silêncio, o amor de Deus se comunica. Ora, se Deus fala no silêncio o homem descobre no silêncio a possibilidade de falar com Deus e de Deus. Assim, a comunicação é uma realidade complexa é meio que um “ecossistema” onde equilibra silêncio, palavra, imagens e sons.

No fundo o que a comunicação deve responder, é a complexidade da existência humana. Quem sou eu? Que devo fazer? Que posso esperar?... As respostas verdadeiras estão no mais profundo do coração do homem, inscritas pelo próprio Deus, o silêncio e a reflexão ajuda a abertura de si mesmo para encontrar as respostas.

Não é a toa que em todas as grandes religiões do mundo, o silêncio e a solidão constituem esforços privilegiados para levar as pessoas ao encanto consigo mesmas e a Verdade que dá sentido a todos as coisas.

Estando diante da Verdade, do silêncio, só resta o impulso para missão, começa-se, um desejo ardente de anunciar o que se viu e ouviu, a fim de que todos experimentem este delicioso sabor, que é a comunhão com Deus. Nesta contemplação mergulhamos na fonte do amor, e naturalmente, amamos o próximo, experimentamos o seu sofrimento e oferecemos a luz de Cristo, a qual se transforma em amor que salva.

Portanto, a palavra tem sem valor, mas sem o silêncio ela é incompleta, deve-se então aprender a escutar, e contemplar para além do falar, só assim seremos bons comunicadores ou mesmo evangelizadores.

Pe. José Renato Peixinho

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

SAÚDE E RELIGIÃO

Como está a sua Saúde?

Mais uma vez a Igreja católica empenha-se em refletir, aprofundar e agir ante a uma realidade social. A cada tempo quaresmal somos compelidos a uma situação bem específica e concreta. Neste ano de 2012 o tema em questão é a saúde pública.

Geralmente só nos damos conta da suma importância da saúde quando nos encontramos ou estamos com alguém muito próximo doente. Confesso! Quando ouvi o tema da Campanha da Fraternidade desse ano sobre Saúde Pública, imaginei: mas o que eu tenho haver com isso?  Não sou um “doente” muito menos um “político”. Depois lembrei-me de meus pais e alguns irmãos e até eu mesmo, carregamos algumas doenças: pressão alta, pressão  baixa, colesterol, artrose, coluna, enxaqueca, artrite... Dei-me conta que teria e muitos motivos de preocupação. Porém, Logo depois idealizei: Um bom plano de saúde resolve todos os problemas. Que pensamento pequeno esse: individualista, egocêntrico, incapaz de ver a saúde em um sentido mais amplo.

Através do estudo, reflexão e palestras percebi que a saúde pública refere-se e muito a minha vida e a vida de todos nós. Ela está intimamente ligada ao bem viver e não somente as doenças. O bem viver e a vida saudável, por sua vez, estão ligados muito mais a medicina preventiva do que curativa. De modo que, todos, saudáveis ou não saudáveis, estão, queiram ou não sendo responsáveis pela dimensão da saúde em nossa sociedade.

Mas o que entendemos mesmo por saúde? Para a OMS, saúde é “um estado de completo bem estar físico, mental e social, e a ausência de doenças. Para ter saúde precisa-se, portanto, de ambientes favoráveis nos âmbitos ecológico, social, alimentar, mental e espiritual.

O bem viver, portanto, requer de nós ações concretas, ações de solidariedade, de ajuda mútua. De modo concreto, como Igreja, devemos desenvolver um serviço aos enfermos assistindo e integrando os mesmos na comunidade, a Pastoral da Saúde também pode desenvolver belas ações neste sentido. Deve-se valorizar o nosso Sistema Único de Saúde - SUS, ele precisa ser fortalecido e justo, para isso implica um acompanhamento por parte da comunidade ante a gestão pública, gestão esta que geralmente é um verdadeiro caos.

No entanto, a realidade da saúde está virando mercadoria. Um verdadeiro mercado “sem coração”. Os que ganham com a saúde particular ou privatizada, querem de todo modo que o sistema público de saúde seja o pior possível, com a saúde pública precária a mais pessoas vão aderindo às redes particulares.

Parece estarmos assim, encurralados. Morre-se, mata-se, adoece-se de uma forma nunca vista antes. Para se ter uma idéia, só de vítimas da poluição do ar morrem cerca de dois milhões de pessoas a cada ano, segundo a Organização Mundial da Saúde. Imagine quantos morrem de câncer, e acidentes, doenças cardíacas, contaminados com drogas, com agrotóxicos e tantas outras químicas.

Torna-se evidente a íntima ligação entre saúde, meio ambiente e economia. Por dinheiro transforma-se a saúde em mercadoria, por dinheiro se destrói o meio ambiente, por dinheiro pratica-se a injustiça e a corrupção, por dinheiro o homem está se autodestruindo. Nos tornamos, mais do que nunca, uma sociedade escrava do dinheiro. Esta escravidão destruidora apresenta-se muito forte através das doenças físicas, psíquicas e mesmo espirituais.

Por estas e outras razões a Igreja conclama a nós seus seguidores de Cristo a refletir e agir na busca da utopia de inversão desta realidade tão cruel e demoníaca. Pois o Cristo veio para que todos tenham vida e a tenham em abundância (Jo 10,10). Deus nos convida a ser mais. Porém o sistema parece já nos ter conquistado. Não conseguimos, por exemplo, pararmos de ser consumistas, mas, pelo contrário, aderimos as estratégias de comércio e de lucros das empresas e assim destruímos o ambiente da vida e a própria saúde.

Infelizmente, para minha ou nossa tristeza, ao abordarmos estes assuntos, parece não se ter mais esperança: é mais comum ouvir: não adianta, não tem mais jeito, nada vai mudar, do que: vamos lá, é possível melhorar e mudar. Parece sempre impossível enfrentar os interesses do capital, dos descasos para com a saúde e tantas outras realidades gritantes dos nossos dias.

Portanto, eis a questão, o desafio e o convite a fazermos algo. A fazer com “que a saúde se difunda sobre a terra” (Eclo 38,8). Nenhum cristão pode furtar-se à prática do amor, isto é, a vivência concreta da solidariedade para com os mais sofridos e necessitados. 

Fica-nos uma pergunta: que tipo de ação a comunidade cristã pode realizar junto aos que se encontram com a saúde fragilizada ou mesmo para que nos conservemos saudáveis? Se você acha que não pode fazer nada, desculpe-me, mas você já é um doente!

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

HOMILIA DA QUARTA FEIRA DE CINZAS


Irmãos e Irmãs, começa um novo tempo na Igreja, tempo em que você também pode tornar-se novo, ou simplesmente permanecer como está. A quaresma como bem nos introduz a liturgia de hoje, é um período para ouvir mais a Palavra de Deus e entregar-se à oração, jejum e esmola, a razão desta atitude é a preparação para a Páscoa.

São quarenta dias nos quais somos conduzidos e conduzidas, a uma conversão mais profunda, no intuito de juntamente com o Cristo Ressuscitado na Páscoa, possamos também nós ressurgir com Ele, como homens novos e mulheres novas. Vive-se, portanto, uma espiritualidade própria, um caminho que nos ajuda a nos reaproximarmos de Deus e de fato mudamos de vida.

A oração, o jejum e a esmola integram esse tempo penitencial. Não se trata apenas de um gesto externo como nos chama a atenção a Palavra de Deus hoje. A leitura da profecia de Joel nos diz “rasgai o coração e não as vestes; e voltai para o Senhor” (Jl 2,13). São Paulo suplica em nome de Deus: “deixai-vos reconciliar com Deus” (2Cor 5, 20b). Jesus Cristo no Evangelho nos conclama a uma oração, esmola e jejum profundo e verdadeiro e não apenas por aparência e obrigação, com gestos muitas vezes hipócritas.
Mas será que sabemos de fato o que significa estes gestos e atitudes?

Na casa de meus pais aprendi a jejuar desde cedo: a partir dos quatorze anos era obrigatório jejuar, Quarta-feira de Cinzas e Sexta-feira Santa. Sou grato por ter aprendido isso em casa. No entanto, jejuar forçado terá algum sentido? Alguém pode dizer: “eu jejum só porque a Igreja manda”. Certamente não compreende o verdadeiro significado do jejum.

Vamos tentar entender melhor:

O Jejum não é simplesmente uma dieta. Ele nos ajuda a exercitar a capacidade de autodomínio, para servirmos mais livremente a Deus e ao próximo, isto é, minha vontade é esta, mas abro mão dela por algo maior; ajuda a “quebrar o nosso orgulho”, ou seja, livremente eu deixo de fazer o que meus instintos e vontade pedem, num gesto de profunda humildade; gesto profético de solidariedade com aqueles que são forçados a jejuar todos os dias.
A esmola é muito mais um gesto livre de partilha e gratuidade. Do que eu tenho posso dividir sem pensar em ter nada em troca.
A Oração não é multiplicar palavras ou fórmulas. Você pode passar horas e horas “rezando” e na verdade não ter “rezado” quase nada. A oração é um dom de Deus; uma aliança com Deus; é a relação entre Deus e o homem, quanto mais você estiver em uma relação sublime com Deus, mais será uma pessoa orante.
Podemos neste instante nos perguntar: Como queremos viver esse tempo quaresmal que se inicia hoje? Que caminhos, atitudes e mudanças eu preciso tomar para minha vida?  Concretamente só você pode saber, a escolha é sua: ser uma pessoa nova, ressurgir com o Cristo, ou continuar na mesmice de sempre. A Igreja, a liturgia, propõe toda uma espiritualidade própria do tempo, inclusive com incentivo à procura do sacramento da penitência.

Temos ainda o privilégio e a oportunidade de refletirmos e agirmos diante de um tema social bem concreto. Este ano a Campanha da Fraternidade nos propõe refletir sobre a saúde pública. Como homens e mulheres novas o que podemos fazer ante a situação tão gritante da saúde pública? Será que podemos escolher um bom plano de saúde e achar que o problema é só dos outros?

A saúde pública também se refere à vida saudável, ao bem viver. Neste sentido, como Cristãos temos muito a fazer. Portanto, Aos meus paroquianos, convido-vos a pensarmos juntos nossos gestos concretos neste tempo propício suscitado pela quaresma. Aos de outros lugares, incentivo-vos a empenhar-se na vossa Paróquia e comunidade.

Por fim, lembremos! Estamos em um tempo de graça! Busquemos nossa conversão pessoal, mas façamos com que essa mesma conversão transborde além de nós e gere saúde, solidariedade, vida nova, relações sadias... em nossas famílias e comunidades.

Assim Seja!

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

PRESERVATIVO: USAR OU NÃO USAR?


Por volta de quatro anos atrás escrevi sobre esta temática, tentando fugir da superficialidade, do simples pode e não pode e construir uma reflexão mais aprofundada.

O tema continua sendo um desafio atual para a Igreja e cabendo sempre mais reflexões. Podemos dizer que o uso da camisinha garante um “Sexo Seguro”? Certamente não. Segurança na relação começa propriamente no conhecimento entre as pessoas. “Ficar”, beijar, namorar sem conhecer profundamente o outro é no mínimo imprudência.

A moral Cristã defende a castidade, reconhecendo o valor e a beleza da relação sexual quando dentro do casamento, e no caso dos casais a fidelidade está na primazia.

Mas o que dizer e como proceder para com as pessoas que não conseguem viver segundo as orientações da moral Cristã? Não temos condições de forçar todos a viverem segundo nossa orientação. Vamos então condená-los? Chamá-los de incapazes de conversão? Virar as “costas” para eles?

Contempla bem esse contexto, a teologia moral, a moral da vida assim reflete: preservar a própria vida e a dos outros é dever de todo ser Humano. Do Cristão mais ainda, pois Cristo veio para que todos tenham vida e vida em abundância. Seria muito importante que as pessoas fossem honestas, transparentes e livres, construindo na base do respeito e da solidariedade relacionamentos fortes e duradouros.

No dia que o ser humano tomar consciência do valor do seu corpo e do corpo do outro, e conseguir esta relação baseada no amor, a vida será diferente.

E neste sentido, Pe José Transferetti, em artigo na Revista Vida Pastoral Afirma: “ a chave para a vida em abundância e saudável não é a obediência cega a normas morais de quem quer que seja, mas a própria consciência, enquanto sacrário, lugar de graça e do amor de Deus”. A escolha é sua, as conseqüências, da mal escolha, além de lhe atingir ainda atinge os outros.
O Pe. Vai mais longe: “O uso do preservativo sob determinadas circunstância, é descrito atualmente como algo que preserva a vida... A Igreja Católica entende que, em alguns casos, o uso do preservativo pode se tornar até uma obrigação moral”. Isso, porém, não é razão para promover uma permissividade e promiscuidade em nome de um “sexo seguro” e do uso de preservativo.

Talvez aqui caiba um exemplo para uma melhor compreensão: a esposa é soro positivo, o esposo não, eles mantêm relações sexuais com o uso de preservativos mesmo numa casa de convivência católica, porém existe algo a mais – um acompanhamento integral, rigoroso e amoroso ao casal.

Nos nossos tempos, realmente as pessoas precisam ser críticas e capazes de raciocinar e decidir por si mesmas. Disse ainda o Pe. Trasferetti: “Precisamos de pessoas esclarecidas, e não de robôs que seguem opiniões de padres, agente de pastorais, professores e tantas outras que fingem saber o que não sabem. Basta de falsas explicações e de hipocrisia”.
Isso é verdade, mas também não se pode em nome de um decidir por si mesmo, fazer “besteiras” e gerar morte e sofrimentos. É preciso uma autonomia capaz de tomar decisões e se responsabilizar pelas conseqüências delas.

Portanto, não sei se ainda sou retrógrado, atrasado, ou mesmo incapaz de aceitar avanços que para algum são tão óbvios, mas para mim ainda obscuro. Insisto em dizer que a postura da Igreja em manter-se pregando os valores humanos acima de qualquer método moderno ainda apresenta-se como o caminho mais viável.

O que pode está necessitando, por parte da Igreja, talvez seja de um aprofundamento sobre questões como esta que nos confronta com a vida concreta e com a vivência diária na busca de uma vida cada vez mais humana, cada vez mais divina, cada vez mais amável e feliz.

sábado, 7 de janeiro de 2012


HOMILIA DO DOMINGO DA EPIFANIA – 08/01/2011


Pe. José Renato Peixinho

Neste domingo da Epifania do Senhor, celebramos mais uma vez o nascimento de Jesus. Ora, o nascimento de Jesus é celebrado no Natal. Repete-se então está celebração na Epifania?

Na verdade há uma diferença singular, no Natal, celebramos de modo bem concreto “o Menino nasce em Belém, na manjedoura, e consequentemente em nosso coração”; Na Epifania, é um nascimento mais missionário, a celebração natalina agora quer se concretizar de fato em nós e nos enviar á missão.

Assim como os magos só sossegaram quando encontraram e adoraram o menino, nós somos convidados a buscar sempre encontrar Cristo, uma vez o encontrado, com certeza não deixaremos de anunciá-lo.

A visita dos Magos do oriente com seus presentes valiosos e sua adoração ao Menino Deus evidencia a universalidade da salvação trazida por Cristo, Ele vem para todos os povos em qualquer parte do mundo.

Mesmo sendo maiores sábios de suas terras, prostraram-se e adoraram a Sabedoria plena: o Cristo Salvador. Graças a adesão à sua luz e em mais um gesto de obediência voltaram por outro caminho e salvaram o Cristo das garras do perigoso Herodes.

Não esqueçamos! Mesmo em um lugar tão humilde e pobre os Reis Magos encontraram razões para adorar o Senhor. Será que nós procuramos o Senhor no lugar onde ele realmente se encontra?...

Portanto, não deixemos de buscar o nosso encontro verdadeiro, íntimo e pessoal com Cristo. Se conseguirmos fazer isso, certamente seremos, anunciadores e vivenciadores do amor do mesmo Cristo. Ele nasce hoje em nossa vida e nos envia à missão. Sejamos homens e mulheres, católicos e católicas de luz. O Cristo quer e precisa de nós para irradiar a sua luz em um mundo que clama nas trevas.

Louvando seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

A INCRÍVEL INVERSÃO DE VALORES

Depois que ouvi o depoimento de uma senhora comecei a pensar seriamente sobre os valores da “modernidade”. Ela, com 50 anos de casada, foi considerada muito atrasada, por algumas jovens que acharam um absurdo ter que aturar um mesmo homem por 50 anos.


Em outro caso, a mulher foi chamada de louca, ignorante, retardada... por muitas pessoas, inclusive médicos, por estar grávida do seu quarto filho em apenas seis anos de casada. (Sabe-se que há países onde ter mais de um filho é crime)

Casar? Para quê? Há! Os amigos merecem uma festa! Mas é melhor juntar os “panos” se não der certo é só separar! Ainda tem gente que se preserva virgem até o casamento, esse parece o maior dos absurdos.

Não quero aqui defender necessariamente a virgindade sexual e muito menos o casamento religioso, mas quero lembrar que são inúmeros os jovens, sobretudo do sexo feminino, que sofrem muito por ter se entregado de corpo e alma tão cedo. Corações dilacerados, traumas para o resto da vida, gravidez indesejada, corpos contaminados de químicos anticépticos, doenças terríveis, assassinato de criancinhas ainda na barriga, mães solteiras, crianças órfãs, são algumas das conseqüências do uso dos corpos pelo bem prazer e como objeto.

Lembro ainda do homem considerado por muitos como idiota, por ter devolvido um pacote de 100 mil reais que encontrou.

Como ficam as religiões neste contexto? Ainda há espaço para pregar e acreditar no valor da honestidade, da fidelidade no matrimônio, da relação sexual como algo Divino, do corpo como Sagrado e Templo de Deus, dos filhos como sinal de bênçãos, da pobreza como virtude...?

Às vezes, me sinto um “peixe fora d`água” por acreditar buscar e viver sonhos e ideais que parecem contrários aos pensamentos e sistema vigentes.

Mesmo assim, Prefiro ser considerado retrógado em vez de moderno, prefiro ser considerado radical ou mesmo louco, prefiro ser contra esta sociedade cruel e desumana que a cada dia parece consolidar-se.

Acredito estar no caminho certo, apesar de parecer contrário, espero ser iluminado pelo Espírito Santo e encontrar as respostas em Deus e na sua Palavra. Rezemos para que Deus e seu Ensinamento sejam o verdadeiro critério e guia da humanidade.

sábado, 30 de julho de 2011

DEUS VIROU MERCADORIA!

Vivemos em um tempo onde o consumismo é supervalorizado, a ponto de determinar os valores: as coisas que as pessoas possuem e consomem as determinam quem são. Tudo tornou-se mercadoria: o ser humano, a terra, as sementes, a vida e até Deus.
Os lugares tradicionais de sociabilidade como trabalho, praças, cafés, sindicatos e também a Igreja predem seu espaço para o individualismo exacerbado; pode-se conseguir “tudo sozinho”. A realidade reduz-se a si mesmo. Esvazia-se as alteridades. A imagem de Deus fica refém do homem consumidor.
A religião é buscada por necessidade de cura, crescer financeiramente, segurança, superar angústias, reconquistar o “amor” que perdeu e tantas outras necessidades que possam aparecer. Nessa corrida a religião não é a única opção, ela concorre com especialistas das ciências humanas, terapias de autoajuda, alternativas de saúde física e mental e outros.
Se na necessidade do momento Deus for útil recorre-se a ele, se não, vai-se às outras opções, aliás, paga-se caro e muito caro às vezes para que Deus resolva sua situação. Quantas vezes tenta-se comprar a salvação! Há os que garantem que Deus resolve tudo, e rápido! Não é atoa que o mercado religioso é promissor, basta um pequeno investimento, talvez uma “iluminação” do além, uma publicidade informal e a disponibilidade ao atendimento de pessoas buscando aconselhá-las e cativá-las. Geralmente é algo muito novo e diferente, mas com elementos da religiosidade tradicional, de modo que o produto à venda “Deus” ou seu “milagre” não é tão novo ou desconhecido assim.
Sabe-se que o marketing preocupa-se diretamente com a venda eficiente dos produtos. Para vender o mercado procura seduzir, encantar e manipular os seus clientes. Nas religiões, há ocasiões que acontece exatamente isso. Cada grupo procura vender um “Deus” mais atraente e conquistar sempre mais “clientes”.
Na verdade, na religião, cada momento da vida, cada ideia e cada gesto só encontra seu sentido fora de si mesmo. Fica-nos uma pergunta: O que será da verdadeira e pura religiosidade, ou mesmo de “Deus”, numa sociedade altamente individualista e consumista como a nossa?
Certamente, Deus terá seus caminhos para continuar sendo o Senhor de todos e da história. Aliás, se olharmos atentamente é fácil perceber os grandes sinais que expressam a soberania de Deus no mundo hodierno. Há algo duradouro e eterno que precisa, urgentemente, ser respeitado. Caso contrário, o ser humano tornar-se-á sempre mais escravo de si mesmo e a sociedade sempre mais doente.

Diác. José Renato Peixinho